Meu Pé de Laranja Lima


 Meu Pé de Laranja Lima é um dos romances mais marcantes da literatura infanto-juvenil brasileira, escrito por José Mauro de Vasconcelos. A história acompanha Zezé, um menino pobre, esperto e imaginativo, que cresce em uma família numerosa e enfrenta dificuldades financeiras e emocionais.

Sensível e criativo, Zezé sofre com a falta de carinho e os castigos dentro de casa, mas encontra consolo em seu maior amigo: um pé de laranja lima, que ele acredita ser mágico e capaz de conversar com ele. Além disso, sua amizade com o velho Manuel Valadares, o "Portuga", se torna uma das relações mais bonitas e emocionantes da história, trazendo momentos de afeto e aprendizado.

Antes de iniciarmos a leitura, é importante lembrar que estaremos viajando para o Brasil da década de 1960, um período marcado pela urbanização acelerada e por um crescimento econômico desigual. Esses aspectos serão refletidos ao longo da narrativa, influenciando o contexto e a vida dos personagens.

 Uma Viagem ao Brasil da Década de 60

Ao embarcarmos nessa leitura e “voltarmos no tempo”, podemos nos deparar com aspectos que diferem da nossa realidade atual. Práticas que hoje são inaceitáveis e até consideradas crimes eram, infelizmente, vistas com naturalidade naquela época. Compreender esse contexto histórico nos ajuda a interpretar melhor a narrativa e a refletir sobre as mudanças na sociedade ao longo do tempo:

1. Trabalho Infantil 

Apesar do crescimento econômico da época, a riqueza era mal distribuída, e grande parte da população enfrentava dificuldades financeiras. A família de Zezé, o protagonista, representa essa realidade: vivendo na pobreza, eles são forçados a se mudar para uma casa menor e lidar com a falta de dinheiro. Como muitas crianças daquela época, Zezé busca maneiras de ganhar algum trocado, realizando pequenos trabalhos. Vale lembrar que, naquele período, o trabalho infantil não era ilegal, sendo uma prática comum entre as camadas mais pobres.

2. Rigidez e Violência Familiar

Hoje consideradas crimes, práticas como castigos físicos e violência doméstica eram vistas com naturalidade na década de 1960. O pai de Zezé, desempregado e frustrado, desconta suas frustrações no filho, enquanto a mãe trabalha incansavelmente para sustentar a família. A rigidez da educação, baseada na obediência e na punição, faz parte do contexto social da época, tornando a infância de muitas crianças marcada pela dor e pela disciplina severa.

3. Linguagem e Uso de Palavrões

A obra apresenta o uso de palavrões e expressões rudes, o que contribui para o realismo da narrativa. José Mauro de Vasconcelos escreveu a história com um tom naturalista, buscando representar fielmente a linguagem popular das classes mais pobres do Brasil dos anos 60. As palavras de baixo calão refletem o ambiente hostil em que Zezé cresce, além de ajudarem a construir a personalidade irreverente e desafiadora do protagonista.


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